Perspectivas Filosóficas em Informação

Artigos discutem a relação entre a tecnologia e as desigualdades socioeconômicas

 

Dois novos artigos de Arthur Coelho Bezerra discutem a relação entre a tecnologia e as desigualdades socioeconômicas na era digital

O pesquisador titular do Ibict e integrante do Grupo Perfil-i, Arthur Coelho Bezerra, publicou dois novos artigos com a temática em comum da crítica da economia política: “Regime de informação e lutas de classes: reconstrução de um conceito à luz da crítica da economia política” e “Tecnologia e trabalho precarizado: crítica da economia política do capitalismo digital”.

Os estudos publicados discutem questões teóricas e práticas sobre as desigualdades encontradas nas relações sociais de hoje, dentro e fora do mundo do trabalho, e fazem parte de um projeto mais amplo de pesquisa, voltado para a crítica da economia política da informação na era digital.

De acordo com o autor, “as novas formas de produção, circulação e consumo da informação, que surgiram com a chegada da era digital, trouxeram muitos avanços na comunicação de pessoas e na otimização de processos produtivos. No entanto, os avanços têm ocorrido em paralelo ao aprofundamento de desigualdades socioeconômicas e da ampliação de práticas de preconceito, de discriminação e de opressão, tanto de indivíduos de grupos vulneráveis como também de países inteiros, que veem a sua soberania nacional ameaçada pelo poderio das chamadas big techs”.  

Segundo Arthur, que conta com financiamento de bolsas do CNPq e da FAPERJ, os artigos serão compilados em um novo livro de sua autoria, com o título Miséria da Informação, que foi vencedor do Edital de Auxílio à Editoração da FAPERJ e tem publicação prevista para o primeiro semestre de 2024.

O artigo “Regime de informação e lutas de classes: reconstrução de um conceito à luz da crítica da economia política” o conceito de “regime de informação” é revisto pelo autor de forma a incorporar as discussões sobre formas de desigualdade que ocorrem em três dimensões diferentes: a doméstica, que envolve a opressão de mulheres em relações patriarcais; a nacional, que engloba as disparidades socioeconômicas que recaem sobre as classes economicamente desfavorecidas (trabalhadores e desempregados); e a internacional, que denota relações de coerção sobre os povos em condições coloniais, semicoloniais ou de origem colonial. 

O textou saiu no fim de dezembro de 2023 na Ciência da Informação em Revista, publicação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Alagoas, e pode ser lido neste link

Já em “Tecnologia e trabalho precarizado: crítica da economia política do capitalismo digital”, Bezerra analisa as novas modalidades de precarização do trabalho que surgem a partir do advento da tecnologia digital, que incluem os motoristas e entregadores de aplicativos e os rotuladores ou etiquetadores de conteúdo, que treinam algoritmos e sistemas de inteligência artificial em jornadas de trabalho cansativas e mal pagas. Também aborda a exploração de minérios em países periféricos, muitas vezes por meio de trabalho semiescravo, que ocorre dentro de uma lógica que vem sendo chamada de colonialismo digital.

Esse segundo artigo foi publicado em janeiro de 2024, na revista O Social em Questão, do Programa de Pós-graduação do Departamento de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pode ser lido aqui.

 

*texto editado do original publicado no site do Ibict.