Márcia Azen e Arthur Bezerra, integrantes do Grupo Perfil-i, publicaram junto com Talita Figueiredo texto que trata das possibilidades trazidas pela Ciência da Informação aos estudos e ações voltadas para as infâncias contemporâneas.
Pesquisadoras do uso das tecnologias por crianças e adolescentes, Marcia Azen e Talita Figueiredo, doutorandas do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia PPGCI-Ibict/UFRJ), escreveram em parceria com seu orientador, Arthur Coelho Bezerra, pesquisador do Ibict, o artigo "As Infâncias na Ciência da Informação: onde a práxis é o esperançar mais vivo".
O texto está disponível na última edição da Revista Encontros Bibli: que abordou a temática “Informação e Inclusão: Avanços e Desafios na Era da Ciência Aberta” e foi disponibilizado em 13 de dezembro de 2023. Autoras e autor se propõe a debater por que e como as infâncias precisam ser tratadas pela Ciência da Informação.
"Avaliamos que existem dificuldades específicas em interpelar o mundo das crianças nos estudos acadêmicos em humanidades. No nosso texto, partimos da crítica benjaminiana a abordagens metafísicas e instrumentais e tratamos a criança como um ser social em construção, de linguagens, culturas e saberes próprios, por sua vez inseridos em um contexto sócio-histórico maior, partícipe de um povo", explica Marcia Azen.
Para Talita Figueiredo, "devemos nos afastar de pressupostos equivocados, como a falsa noção de que os ditos nativos digitais estariam mais bem preparados para lidar com as tecnologias de informação e comunicação (TICs), para que possamos priorizar e fomentar nas crianças e adolescentes o uso ético, seguro, crítico e saudável de dispositivos, que se apresentam hoje como indispensáveis a diversas práticas sociais".
Arthur Bezerra alerta que com o advento do capitalismo de vigilância, fica evidenciada a crescente exploração das crianças por um sistema cíclico de captura da atenção, dataficação, perfilização e fidelização para consumo. "A competência crítica em informação pode ser o instrumento necessário para o despertar de uma consciência crítica não somente no uso, mas na vivência digital das crianças", avalia.
Para autoras e autor, deve-se pesquisar o relacionamento das crianças com o universo digital principalmente pela forma como a internet medeia a relação das crianças com o mundo. "Para nós, fica claro nesse estudo que a Ciência da Informação possui importantes bases conceituais e suficiente ferramental de análise para constituir-se como suporte ao desenvolvimento de práticas emancipatórias para as infâncias contemporâneas. Ao traçar-se o cenário de inserção das crianças nos ambientes digitais, sustenta-se a necessidade urgente dessa práxis, motivada pela pedagogia freiriana que toma a esperança não em seu sentido passivo, de quem espera, mas na dimensão prática e atuante que o educador investe em seu uso do neologismo 'esperançar'. No princípio ativo da esperança, não há caminho transformador que não passe pelas crianças", concluem.
O artigo pode ser lido no link.
* Texto de Talita Figueiredo